Gustavo Krause, político e folião, no desfile do Galo da Madrugada |
“Ah, foi uma maravilha... Parecia gol do Brasil aqui em casa!”, revela o folião-político de 68 anos, natural de Vitória de Santo Antão, na zona da mata pernambucana. “No dia seguinte, fui parabenizado pelas pessoas nas ruas. E senti que o resultado massageou o coração do pernambucano, que – assim como o Rio e a Bahia – tem uma cultura carnavalesca marcante no Brasil inteiro. Uma cultura legítima e sofisticada.”
O trabalho pela vitória da marchinha de “protesto contra a ditadura da beleza” foi intenso, mas Krause defende que nada disso seria suficiente não fosse o poder de comunicação de Adoro celulite. “Votamos aqui em casa, os amigos votaram, os familiares também... Mas nada disso teria levado à vitória se a marchinha não tivesse dado liga. Foi graças a essa liga que a nossa votação ganhou escala durante o Fantástico e nos colocou na frente das concorrentes.”
Entre os simpatizantes de Adoro celulite estavam certamente os foliões saudosos do Bloco da Celulite, que desfilou pela Praia da Boa Viagem no carnaval de 1993 (quando a marchinha foi feita) e nos anos seguintes brincou na base do concentra-mas-não-sai. “Uma das nossas marcas era anunciar celebridades que não iam: ‘Nesse ano virá Jô Soares!’. Ou então ‘Wilza Carla será nosso destaque!’. ‘Carla Perez vai comparecer!’ Tudo brincadeira. Ou gréia, como dizemos aqui em Pernambuco.”
Passada a vitória, nada mais natural que os foliões da Boa Viagem queiram a ressurreição do velho bloco. Mas Gustavo Krause pondera: “As pessoas estão querendo botar o bloco na rua de qualquer jeito, estão num fogo danado, mas não é assim. Precisa de tempo para produzir o negócio direito, conseguir recursos, divulgar, trazer os músicos... O que sei é que amanhã, no baile do Siri na Lata, vai ter uma homenagem a Adoro celulite. E que no meio da multidão do Galo da Madrugada, certamente vai ter um grupo da celulite.”
Outra certeza é a de que Krause – ex-prefeito do Recife (1979-82), ex-governador de Pernambuco (1986-87) e ex-ministro de estado em 1992 (Fazenda) e 1995-99 (Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente) – estará brincando carnaval. “Nunca deixei de viver minha vida de boemia, de boleiro e de peladeiro. São paixões das quais eu não abro mão”, define o marchinheiro, que quando o assunto é futebol se revela torcedor do Náutico. “As pessoas precisam separar seriedade e sisudez. Quem foi que disse que não dá para ser uma pessoa séria e brincar carnaval?”
Após a quarta-feira de cinzas, o campeão da 10ª edição do Concurso de Marchinhas (com o parceiro Jota Michiles) voltará a sua rotina de advogado na área ambiental e ao acompanhamento da carreira política de sua filha, Priscila Krause, que é deputada estadual em Pernambuco, pelo Democratas. “Hoje sou mais conhecido como o pai dela”, gaba-se o político-coruja. “E, claro, como o autor da marchinha campeã do carnaval de 2015.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário