Foi o caso do Toca Rauuul, que, sentindo-se em casa (é na Tiradentes que eles saem desde o carnaval de 2012), colocou o povo pra dançar e cantar os sucessos de Raul Seixas em versões carnavalizadas – como no último verso do hit Gita, transformado pelo bloco em “Eu sou o Vinicius, o Tim e o Ney”. Coube a eles a abertura do RIO MARCHINHAS no domingo, que teve ainda Teresa Cristina e Grupo Semente. A cantora, que abriu espaço em seu show para uma participação especial de Moyseis Marques (“Vascaíno e portelense que nem eu!”), apresentou uma seleção ecumênica de sambas-enredo, com pérolas de Império Serrano, Unidos da Tijuca, Unidos do Cabuçu, Salgueiro, Mangueira, Portela...). Lá pelas tantas, deu um tempo no samba e popozou-se para cantar a inusitada Beijinho no ombro.
Na véspera, o RIO MARCHINHAS teve como destaque a Orquestra de Pandeiros Tum Tá Que Tá, que abriu o sábado na Tiradentes com set list eclético: samba, marchinha, ijexá, baião, jongo... No centro do palco, a maestrina e cantora Clarice Magalhães, rodeada por 17 alunos das oficinas de pandeiro que ela dá na Maracatu Brasil e no Sesc. Na sequência, vieram as batucadas do Rio Maracatu, que incrementou o RIO MARCHINHAS com seu poderoso arsenal de instrumentos (alfaia, ganzá, gonguê, abê, tarol...) e pôs o povo pra dançar. A primeira noite da programação foi encerrada pelo grupo Casuarina, que devidamente (e esdruxulamente) fantasiado, levou sambas novos e de outros carnavais ao povaréu que àquela altura já lotava a velha praça.
A ferveção foi a mesma que se viu na segunda-feira, quando a noite foi encerrada com uma bela apresentação do Cordão do Boitatá, que levou ao palco seu estandarte maior de idade (são 18 carnavais!) e homenagens a Pixinguinha, Dominguinhos e Dorival Caymmi. Convidada do conjunto, a cantora Áurea Martins arriscou o samba-canção Só louco (de Caymmi) e protagonizou um dos momentos mais bonitos da noite. Outro ponto alto foi o repertório espetacular do Afluente do Céu, coro regido por Ignez Perdigão que abriu a noite com sucessos carnavalescos e marchas preciosas – casos de Ride palhaço (Lamartine Babo), Anda Luzia (João de Barro), Rio 42 (Chico Buarque), No Cordão da Saideira (Edu Lobo) e Flor da serenata (Maurício Carrilho e Paulo Cesar Pinheiro), esta última pinçada do repertório do Rancho Flor do Sereno.
A noite teve ainda a Banda Fundição, que apresentou destaques das nove edições do Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas – como A burka, Só depois do carnaval, Milagre do Viagra, Mulata Funk, Cadê a viga... – e sucessos de homenageados do certame, como os compositores Haroldo Lobo e João Roberto Kelly e a cantora Marlene.
Na terça-feira gorda, a folia foi aberta com o Bloco d’O Passo na Rua – tremenda orquestra de percussão e vozes liderada por Lucas Ciavatta que tomou o palco do Rio Marchinhas e não deixou ninguém parado. O bole-bole continuou com a apresentação caprichada e bem-humorada de um dos mais concorridos blocos cariocas: a Orquestra Popular Céu na Terra, que, assim como nos desfiles em que arrasta multidões pelas ladeiras de Santa Teresa, alegrou o baile a céu aberto com sambas e marchinhas da velha-guarda. O encerramento da noite – e do RIO MARCHINHAS – ficou com Rodrigo Maranhão e o pessoal do Bangalafumenga, que aumentaram ainda mais a fervura da Praça Tiradentes no grand finale do carnaval 2014.
Até o ano que vem!
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