Entre os finalistas do Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas de 2014, Sérgio Mouzinho é o único compositor que não ganha a vida como músico. Ele é corretor de imóveis – atividade que abraçou depois de trabalhar como vendedor e cursar nada menos do que cinco faculdades: Engenharia, Medicina, Informática, Webdesign e Teologia. “Como sou muito sonhador e nada disso me satisfazia, não terminei nenhuma”, diz o corretor-marchinheiro, que é niteroiense e tem 45 anos. Já a relação com a música remonta à infância, quando cantava em coro da igreja adventista e participava das reuniões musicais em sua casa, fosse dedilhando seu piano ou cantando à moda do ídolo Elvis Presley. Pois foi numa dessas brincadeiras caseiras que surgiu – há 25 anos! – a marchinha que hoje disputa o troféu Marlene. “Meu pai, que adorava poesia, um dia acordou com esses versos: ‘Sonhei que era um quiabo...’ O povo lá de casa adorou e resolvi transformar aquilo em música.” A criação virou número obrigatório nos encontros musicais da família Mouzinho e, registrada em 2012, veio parar no certame da Fundição, com arranjo de Alexandre Caldi e interpretação presleyana do próprio Sérgio Mouzinho. “Não pretendo deixar a vida de corretor, mas se essa experiência der certo vou fazer outras coisas legais”, projeta o aspirante a artista, cuja composição inspirou um grupo do bairro niteroiense de São Francisco a criar o Bloco do Quiabo, para sair no carnaval. “O mais importante é se divertir e divertir os outros.”
Baba do quiabo
Sérgio Mouzinho
Sonhei que era um quiabo
Sofri, fui maltratado
Fugi apavorado
Correram atrás de mim, quebraram a ponta do meu rabo
O quiabo é um coitado
Nunca deixam sossegado
Na quitanda, na feira ou no mercado
Eu gosto do quiabo mesmo com o rabo quebrado
Ele é gostoso bem temperado
No caruru ou no ensopado
De qualquer forma ele é bom até babado
Eu gosto do quiabo mesmo com o rabo quebrado
Clique aqui para ouvir Baba do quiabo na interpretação de Sérgio Mouzinho.
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