Pois foi a justamente a personalidade da brasileira no palco que atraiu a atenção de Piaf na primeira vez em que a viu. “Tenho certeza absoluta de que fará sucesso em Paris”, declarou às revistas brasileiras a estrela francesa. “Tanto assim que, pela primeira vez, me tornarei empresária e com muito prazer, por se tratar de Marlene.” Dito e feito: em 30 de dezembro de 57, lá estava nossa homenageada no Aeroporto Santos Dumont, embarcando para a França.
Entre janeiro e maio de 58, foram quatro meses se apresentando como uma das atrações que abriam o show de Edith Piaf no Olympia – mais antigo e tradicional teatro da capital francesa, inaugurado em 1893 e com capacidade para duas mil pessoas. As outras atrações que dividiam com Marlene o primeiro ato do espetáculo eram locais: Germaine Ricord, Jacques Courtois e Félix Marten. Grande estrela do segundo ato, Edith Piaf vivia o apogeu de seu sucesso, embora já enfrentasse os problemas de saúde que a matariam em cinco anos (1963), aos 47 (vítima da saúde precária que tinha desde a infância, dos excessos e do vício em morfina).
Em seu número, Marlene fazia um trivial variado da música brasileira, com Lamento negro (Humberto Porto e Secundino), Trepa no coqueiro (Ary Kerner), Zezé (Humberto Teixeira e Caribé da Rocha), Fiz a cama na varanda (Dilú Mello e Ovídio Chaves), Biá tá tá (Hekel Tavares e Jorge D’Altavilla), Com jeito vai (João de Barro) e dois sucessos de Dorival Caymmi: Maracangalha e Saudade da Bahia. Aproveitando a estada parisiense e o sucesso de suas apresentações no Olympia, Marlene gravou e lançou dois compactos na França.
No repertório, músicas que vinha apresentando aos franceses, como o coco Biá tá tá.
Biá tá tá
Hekel Tavares e Jorge D’Altavilla
Biá tá tá, biá tá tá
Esse coco saboroso você come e não me dá
Morena boa, morena boa
Morena você veio da terra das Alagoa
A terra é boa, a terra é quente
A terra dá tanta coisa que a gente fica contente, ai ai, ai ai
Biá tá tá, biá tá tá
Esse coco saboroso você come e não me dá
Aqui tem sol que eu nunca vi
Morena, a terra tem sururu e sapoti
Aqui é bom, não há melhor
O Brasil é muito grande, mas aqui inda é maior, ai ai, ai ai
Clique aqui para ouvir Biá tá tá na interpretação brejeira de Marlene.
Ou então ouça Edith Piaf cantando seus maiores sucessos: as canções La vie en rose e Non, je ne regrette rien, ambas compostas por ela.
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