segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Canta, Marlene: A temporada parisiense, sob as asas de Edith Piaf

Edith Piaf
Amiga da atriz alemã Marlene Dietrich, a grande cantora francesa Edith Piaf não podia imaginar que na série de shows que faria no Rio de Janeiro, em maio de 1957, se encantaria por outra Marlene, cantora, paulistana de nascimento e àquela altura já rainha do rádio (1949-50). Foi no Copacabana Palace, onde a cantora mais popular da França ia fazer seus shows e onde Marlene era atração desde o fim da década de 40, entretendo a grã-finagem com sambas e marchinhas apresentados em seu jeito teatral.

Pois foi a justamente a personalidade da brasileira no palco que atraiu a atenção de Piaf na primeira vez em que a viu. “Tenho certeza absoluta de que fará sucesso em Paris”, declarou às revistas brasileiras a estrela francesa. “Tanto assim que, pela primeira vez, me tornarei empresária e com muito prazer, por se tratar de Marlene.” Dito e feito: em 30 de dezembro de 57, lá estava nossa homenageada no Aeroporto Santos Dumont, embarcando para a França.

Entre janeiro e maio de 58, foram quatro meses se apresentando como uma das atrações que abriam o show de Edith Piaf no Olympia – mais antigo e tradicional teatro da capital francesa, inaugurado em 1893 e com capacidade para duas mil pessoas. As outras atrações que dividiam com Marlene o primeiro ato do espetáculo eram locais: Germaine Ricord, Jacques Courtois e Félix Marten. Grande estrela do segundo ato, Edith Piaf vivia o apogeu de seu sucesso, embora já enfrentasse os problemas de saúde que a matariam em cinco anos (1963), aos 47 (vítima da saúde precária que tinha desde a infância, dos excessos e do vício em morfina).

Em seu número, Marlene fazia um trivial variado da música brasileira, com Lamento negro (Humberto Porto e Secundino), Trepa no coqueiro (Ary Kerner), Zezé (Humberto Teixeira e Caribé da Rocha), Fiz a cama na varanda (Dilú Mello e Ovídio Chaves), Biá tá tá (Hekel Tavares e Jorge D’Altavilla), Com jeito vai (João de Barro) e dois sucessos de Dorival Caymmi: Maracangalha e Saudade da Bahia. Aproveitando a estada parisiense e o sucesso de suas apresentações no Olympia, Marlene gravou e lançou dois compactos na França.

No repertório, músicas que vinha apresentando aos franceses, como o coco Biá tá tá.

Biá tá tá
Hekel Tavares e Jorge D’Altavilla

Biá tá tá, biá tá tá
Esse coco saboroso você come e não me dá

Morena boa, morena boa
Morena você veio da terra das Alagoa
A terra é boa, a terra é quente
A terra dá tanta coisa que a gente fica contente, ai ai, ai ai

Biá tá tá, biá tá tá
Esse coco saboroso você come e não me dá

Aqui tem sol que eu nunca vi
Morena, a terra tem sururu e sapoti
Aqui é bom, não há melhor
O Brasil é muito grande, mas aqui inda é maior, ai ai, ai ai

Clique aqui para ouvir Biá tá tá na interpretação brejeira de Marlene.

Ou então ouça Edith Piaf cantando seus maiores sucessos: as canções La vie en rose e Non, je ne regrette rien, ambas compostas por ela.

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